terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Nostalgia

Quando eu era criança não pensava como os outros meninos da minha idade que adoravam futebol e faziam do mesmo o seu maior sonho de consumo. Pra falar a verdade, eu nem sei o que pensava da minha própria vida, ou seja, os rumos aos quais ela seria levada. Imaginava que tudo iria ser fácil demais.
Pensava que quando eu "fosse grande", não iria ser rico. Mas teria uma mulher, quatro filhos, onde os meus brinquedos de infância ficariam estáticos, aguardando o seu desenvolvimento dos meus filhos para que eles pudessem atingir a "idade" de brincar.
Os anos passam e num determinado momento, a vida não lhe dá mais um tapa na cara para que acorde mas sim um forte soco na boca do estômago com a intenção de que você acorde para as verdades do mundo capitalista.
É aí que observamos os moldes com que vamos sendo tocados, nos tornando mais frios só pensando em "crescer na vida", "subir na vida" e essa repetição mecanizada acaba jogando por terra pequenas coisas simples da vida como um bom dia ou um olá que ganhamos pela manhã.
Infelizmente é lastimável que a maior parte da sociedade, na intenção de emergir - se economicamente tenha chegado a tal ponto desprezando a bondade intrínseca do ser humano. E depois nos dizem que devemos obedecer a hierarquia das "coisas"?

Momentos

Eu bebia Coca-Cola Junior de garrafinha com canudinho na padaria.Eu pulava de "pogoboll".Brinquei de esconde-esconde e adorava jogar "queimada".No cinema, chupava "Mentex".Lia gibis da Turma da Mônica.Eu tinha fita K7 dos Beatles.E uma estante para guardar a coleção de discos de vinil.Eu guardava os textos em classificadores. Ainda escrevo à mão.Eu tenho os negativos das fotos.Andava de escada rolante achando que ia para outra galáxia.Esperava pro ano seguinte o Cd que hoje foi lançado nos EUA.Minha mãe anotava receitas culinárias pela TV, e minha avó de 85 anos nunca viu as mocinhas da novela tão nuas em "ensaio sensual".
Eu não tenho trinta anos.Já sou um rapaz "antiguinho".Eu não me importo. Eu sou tirado de "filme de época". Eu sou da Geração Coca-Cola.Hoje tem a Geração Google.Na "minha época", Cd que não vinha com encarte, tinha eu que tirar a letra de ouvido. Com o Dicionário Oxford ao lado.Gravuras bonitas, de revista "bacana", era recortar e guardar na gaveta cuidando para não amassar.Número de alguém? Guia telefônico. Roupa da moda?Esperar chegar à cidade. Falar mal dos outros, (quer dizer), "conversar"? Na casa da melhor amiga, tomando café. Gabarito do Vestibular? Atento ao rádio. Pesquisas? Comprava do vendedor de porta em porta a Enciclopédia "Barsa”. Falar com amigo rico que foi pro outro lado do mundo? Um curto cartão postal com "beijos, saudades".
Não precisa sair de casa pra namorar meu rapaz: chat de bate-papo.Por cidade, idade, afinidade.Saber onde mora aquele alguém? O Google te mostra num mapa. "Wickipédia" para saber quem foram os grandes homens/nomes. Compra on line para a roupa do desfile que viu na televisão ao vivo. 'Download" para "roubar" música ainda inédita.Amigo em Londres? "Webcam".Fofoca?Site "o Fuxico". Ou a simples pergunta:"o que anda aprontando Britney Spears?"Tomar chá das cinco e falar pelos cotovelos? "MSN". Carta? O que é isso? "Email"! Tá..., agora a melhor: Faculdade? Diploma pela internet. Coitado de Drummond de Andrade.Escreveu, certa vez, no poema, "Tristeza do Céu": "Porque fiz o mundo? /Deus se pergunta /e se responde /Não sei".Se o poeta, hoje, digitasse na barra em branco do Google perguntas desse tipo, mesmo que não muito definidas, encontraria todas as respostas.Quem sabe,... algumas..., até mesmo assinadas por "Deus"?

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

PUZZLES

Chega parecer como se tudo na vida é determinado para cada momento. Feito aqueles Puzzles de mil e tantas peças que se encontram totalmente espalhados, desconexos e, com o cotidiano, com a sua perspectiva vão se encaixando, tornando-se mais visíveis.

Amor pelas pessoas é uma palavra que não pode ser forjada como aço maciço na construção de uma espada que pode salvar ou golpear de modo desumano ceifando vidas. Tudo depende de um processo anterior denominado sinceridade que posteriormente poderá ser chamado de união afim de que o amor e amizade possam perdurar. É como se tudo não fosse prescrito ou orientado. Tudo depende do seu caráter com quem vem convivendo de modo cotidiano. Compartilhar problemas, alegrias, é algo de praxe. E como explicar como as pessoas que já nos cercavam passam a ser de simples transeuntes em nossas vidas, nossos verdadeiros passageiros, nossos caronas, nossos protagonistas, virando aquele filme cinco estrelas  rodado na locomotiva do nosso coração por uma única pessoa que faz aquele "estrago"? Isso também é outra característica ou outra peça que a vida nos prega. Isto não é nada mais do que uma verdadeira união. E é em sua forma mais pura que uma união torna-se parte de nossa essência. Mas quando esse vínculo é quebrado, nossa essência é mudada para sempre. Desde quando nascemos somos guiados a formar uma união com os outros. Uma eterna estrada para se conectar, para amar, para pertencer. Em sua união perfeita, achamos a força que não podemos encontrar sozinhos, mas a força da união não pode ser conhecida até ser provada.

"Banalidades"


O que poderíamos chamar de um verdadeiro sacrifício? Estamos tão acostumados a colocar palavras fortes em frases corriqueiras que seu verdadeiro sentido, sua força, torna-se algo efêmero e aí perdemos toda sua imponência. Cuspimos essa palavra de maneira abjeta, sem saber que sacrifício para você é simplesmente levantar para o trabalho, aturar aquela visita em seu lar, escutar àquela pessoa indesejada, ficar em uma fila de banco durante algumas horas, ter que "aceitar" a opinião dos outros pela sua falta de posicionamento em relação a algo que você mesmo não
domina ou que prefere se calar para não entrar em imediato conflito ou algo a mais que lhe valha.
Sacrifício, se formos realmente para e pensar, na sua definição mais exata, é dar algo precioso em troca de conciliação como o alto poder. É na verdade uma devoção permanente a uma causa que não pode ser satisfeita com uma simples promessa porque um juramento, não importa o quão solene seja, não pede nada em troca.             Enquanto o verdadeiro sacrifício exige uma perda indescritível. Sacrifício exige  renúncia das coisas com que mais nos importamos seja da mais sublime a mais execrável. 
Somente sem a agonia dessas perdas uma nova resolução em sua própria vida poderá nascer. Uma devoção sem fim para uma causa maior. E um dever moral para ver uma jornada através da sua absoluta realização. Palavras ao vento. Pense antes de proferi-las.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Passos bem dados


E no mundo da ganância, do lucro e difamação acabo por enxergar que o que eu mais quero depois de uma longínqua jornada de trabalho estudo, estudo trabalho é respeitar as pessoas com a mais pólida educação proveniente dos meus pais, visitar meus velhos amigos com uma garrafa de vinho tinto e queijos,  ter uma casa com  cercas brancas e uma varanda para uma rua bucólica (sonho burguês de cultura norte americana), poder sorrir ao seu lado, passar as mãos em seus lisos e longos cabelos, sobrepor minha mão na sua, encher os olhos de alegria ao te ver dormindo da maneira mais despojada possível. E quando chegar a noite, serei grato por mais um dia ao lado de quem realmente amo. Um dia se vence outro se perde e esse é o ciclo da vida. Mas, manter-se de pé e acreditar é o que nos torna humanos munidos mais e mais de esperança. 

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Espinhos

E vemos que nesta vida, com o andar da velha carruagem, infelizmente, não podemos dizer que somos felizes inteiramente. Há sempre um espinho que por menor que seja, espeta-nos como se fosse um golpe profundo e dessa mesma mão jorrasse litros e litros de sangue. Daí nossa essência começa esvair-se aos poucos mas simultaneamente tão depressa... São nestes momentos que questiono: Por que é que a felicidade tem obrigatoriamente de ter um limite, ou melhor, um tempo de duração? Nada é certo ou etéreo, mas então, se é assim, por que nos ferimos e jorramos "n" litros de sangue a cada golpe que a vida ou outrem nos dão? Seríamos nós, sado-masoquistas, ou simplesmente mais um objeto de açoite de vez em quando?

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Sem meias verdades


Vivemos em um bombardeio constante de tantas informações que, infelizmente, com o acesso instantâneo das mesmas, ficamos sem saber como filtrá-las. Isso mesmo! Sem saber classificá-las como úteis e ou inúteis para nosso merecido conhecimento.
É de causar espanto como uma notícia, por mais banal que seja, sobrepõe as outras que deveriam ser de extrema importância, fazendo com que as últimas ganhem status de “desinteressantes” para a grande massa. Estamos priorizando cada vez mais uma pessoa que perdeu seus merecidos quilos em troca de maior publicidade pessoal do que importantes decisões políticas dos que governam nosso país. Somos cada vez mais atraídos pela grande caixa preta com seus programas de baixo nível do que abrir um livro e se deliciar com cada virada de página. Choramos a morte de grandes ícones televisos e tratamos com indiferença àqueles que cotidianamente têm sua trajetória de vida interrompida por uma bala perdida nas guerras das favelas brasileiras. Ficamos felizes ao ver nossa educação apresentar números e mais números de “avanços” e nem sequer nos preocupamos com o desempenho dos nossos alunos. Números não representam nada para nossa educação uma vez que nossas crianças estão cada vez mais indo para o Ensino Fundamental sem saber ler corretamente e quiçá escrever. Quem será este profissional? É merecido que o mesmo tenha um ingresso em um curso superior? Como nos alegrarmos com a vitória do nosso país para sediar grandes eventos esportivos se nossa infraestrutura é falha correndo o sério risco de não suportarmos devido nossas vias esburacadas e nossos transportes públicos em boa parte sucateados? Nossos hospitais públicos, ao invés de cuidarem de nossas vidas, fazem o contrário por falta de equipamentos, de atendimentos prioritários e tudo passa em branco pois o último capítulo de mais uma novela das nove soa como algo que chame mais nossa atenção, que nos relaxe diante de tanta barbárie.
Testando nossa grande atração pelo império do grotesco resolvi fazer um teste. Observei que mais uma vez será realizada a décima terceira edição do famoso reality show Big Brother Brasil transmitido pela Rede Globo onde pessoas saem do anonimato sendo transformadas em celebridades instantâneas, desmistificando a verdadeira origem do nome proposto pelo escritor George Orwell em seu livro denominado 1984. Ao observar a chamada do programa  elaborei um agradecimento onde estaria simulando uma possivel entrada no famoso BBB divulgando em minha página no Facebook  tendo em poucas horas a resposta: nossos valores intrínsecos, nossos problemas sociais que enfrentamos a cada dia em nossa cidade foram mais uma vez desconsiderados em nome da curiosidade, da vontade de sabermos mais e mais sobre a futilidade alheia. Por horas boa parte dos usuários desta rede social deixaram de fazer suas atividades cotidianas para saberem se o comunicado era verdade ou mito. Nos esquecemos durante horas da poeira que bate a cada dia mais pesada na ponta do nosso nariz, nos esquecemos por horas da extração mineral que explora de maneira ilegal o meio ambiente de Congonhas, nos esquecemos por horas da  falta de oportunidade de empregos em outras áreas, nos esquecemos de quem são e o que pretendem os vereadores eleitos e reeleitos na câmara que definirá o futuro de nossa tão amada cidade dando mais uma vez a prioridade ao que não nos acrescenta em nada.  
Agradeço a todos que acreditaram nesta notícia originada por uma imprensa marrom e peço do fundo do meu coração que todos busquem cada vez mais a fundo o que é verdade e o que é mito dando mais valor ao que realmente engrandeça nosso infindável conhecimento. Obrigado!